terça-feira, 13 de março de 2012

Como tudo começou...


As primeiras incursões de civilizados no território em que se situa atualmente o Município de Ponta Grossa teriam sido a da bandeira de Aleixo Garcia, em 1526, e a de Pero Lôbo e Francisco Chaves, em 1531.
 
Álvares Nuñes Cabezade Vacca.
Em 1541, Álvares Nuñes Cabeza de Vacca, a caminho de Assunção, percorreu os Campos Gerais e tomou contato com os silvícolas que habitavam as margens do Tibagi. Onze anos mais tarde, Ulrich Schniedel, com quatro soldados alemães e vinte índios paraguaios, atravessava essas paragens vindo de Assunção para São Vicente. Mas só em princípios do século XVIII, na primeira década, teve início o povoamento, quando alguns paulistas, atraídos pela beleza da região e excelência das pastagens, estabeleceram suas fazendas de criação próximo aos rios Verde e Pitangui, onde o local era próprio para o desenvolvimento da pecuária. A ocupação das terras dos Campos Gerais tornaram-se então passagem obrigatória na rota de comércio que levava o gado e muares do Rio Grande do Sul para o abastecimento de São Paulo e de Minas Gerais.

- Povoamento

Capela de Santa Bárbara.
Ponta Grossa teve sua origem e seu povoamento ligado ao Caminho das Tropas. Porém, a primeira notícia de ocupação da nossa região, foi em 1704, quando Pedro Taques de Almeida requereu uma sesmaria no território paranaense. Foi seu filho José Góis de Morais e seus cunhados que vieram tomar posse das terras, trouxeram empregados e animais e fundaram currais para criar gado. Suas terras eram formadas pelas sesmarias do Rio Verde, Itaiacoca, Pitangui, Carambeí e São João, de onde surgiram as primeiras fazendas.

Parte dessas terras José Góis de Morais doou aos padres jesuítas que construíram no local (Pitangui), a Capela de Santa Bárbara. Várias fazendas surgiram às margens do Caminho das Tropas. Os tropeiros durante suas viagens paravam para descansar e se alimentar em lugares que passaram a ser chamados de ranchos ou “pousos”. Desses pousos surgiram povoados, como Castro e Ponta Grossa.

As fazendas contribuíram para o aumento da população, que levou ao surgimento do Bairro de Ponta Grossa, que pertencia a Castro. Com o crescimento do Bairro, os moradores começaram a lutar para a criação de uma freguesia, pois uma Freguesia tinha mais autonomia. Construíram então um altar na Casa de Telhas, aonde o vigário de Castro vinha de vez em quando rezar missas e também realizar casamentos e batizados.



A necessidade de abastecimento colonial impulsionou e favoreceu o mercado interno brasileiro possibilitando uma gradativa integração das economias regionais, e com isto a ocupação de regiões do interior paranaense, como Campos Gerais. A ligação inter-regional se fazia pelo Caminho do Viamão, que compreendia três rotas, sendo a via mais utilizada denominada Estrada Real, passando pelos campos de Vacaria, Lages, Campos Gerais e Itararé, chegando a Sorocaba.

Encontro dos Tropeiros.
As comitivas de tropas que percorriam os caminhos conduziam o gado criado nos Campos Gerais e nos campos de Guarapuava e os muares provenientes do chamado continente de São Pedro. Além dos objetos necessários para a viagem, carregavam as mercadorias destinadas às fazendas. A tropa era o grupo de animais, dezenas a centenas deles, e o conjunto humano composto do tropeiro, dos camaradas e do cozinheiro, podendo incluir o arrieiro e, por vezes, ser acompanhada por mulheres e crianças. Os camaradas eram o grupo de auxiliares do tropeiro também conhecidos pela denominação de tocador ou tangedor. O tropeiro tanto podia ser o patrão, o dono da tropa, que transportava e negociava seu rebanho, quanto o simples condutor, intermediário que se encarregava do negócio. O tropeiro levava uma vida de aventuras, que lhe exigia desprendimento e disposição para enfrentar os percalços e riscos da jornada.

Então começaram a surgir propriedades que serviam de pouso às tropas que do Sul que se destinavam a São Paulo, principalmente à grande feira de Sorocaba. Construíram os tropeiros um tôsco barracão, a que denominaram "casa-de-telhas", onde eram ministrados sacramentos e celebradas festas religiosas. Prevendo o futuro da região, o Sargento-Mor Miguel da Rocha Ferreira Carvalhais propôs a fundação de um povoado. Sua proposta foi aceita, só divergindo as opiniões quanto à sede da povoação. Carvalhais então sugeriu a intervenção oracular de um casal de pombos(*), o qual, solto com uma laçada encarnada nos pés, veio pousar em uma cruz de madeira existente no alto do outeiro onde hoje se situa a catedral.


* As pombinhas na história de Ponta Grossa

Conta-nos a tradição, que os fazendeiros, se reuniram para decidir o local onde seria construída uma capela em devoção à Senhora de Sant’Ana e que também seria a sede do povoado. Como não chegavam a um acordo, pois cada um queria construí-la próximo a sua fazenda, decidiram então soltar um casal de pombos e, onde eles pousassem, ali seria construída uma capela, bem como seria a sede da Freguesia que estava nascendo.

Os pombos após voarem, pousaram em uma cruz que ficava ao lado de uma grande figueira no alto da colina. Problema resolvido, o local escolhido, todos ajudaram na construção de uma capela simples de madeira e, em sua volta a freguesia cresceu e se desenvolveu.

O novo povoado tomou o nome de Estrela, mas a 15 de setembro de 1823 foi criada a freguesia, com a denominação de Ponta Grossa e sob a invocação de Santana. Foi elevada a Vila e a Município a 7 de abril de 1855. A 15 de abril de 1871, foi alterado seu nome para Pitangui, mas voltou a chamar-se Ponta Grossa a 5 de abril de 1872.

Em 1877/78, teve início a colonização russo-alemã, sob o patrocínio do Presidente Lamenha Lins. Chegaram a Ponta Grossa 2.381 russos-alemães que se estabeleceram na Colônia Octávio que era subdividida em 17 núcleos e afastada do centro urbano. Também, outros grupos foram chegando e se integrando à cidade, e entre eles os de maior importância como os poloneses, alemães, russos, sírios, italianos, austríacos e portuguêses, e com isso ao longo das quatro primeiras décadas do século XX, o crescimento econômico de Ponta Grossa levou-a a condição de pólo regional no Paraná.

Mapa das Ferrovias.


A inauguração, em 1894, do trecho ferroviário Curitiba - Ponta Grossa trouxe prosperidade ao Município; bem assim a construção em 1896 da linha férrea São Paulo - Rio Grande, que ali localizou seus escritórios e oficinas. Formação Administrativa A freguesia e o distrito foram criados por Alvará de 15 de setembro de 1823 e sob a invocação de Nossa Senhora de Santana.





Mapa Rodoferroviário da região do
Município de Ponta Grossa.
A Lei provincial n.° 34, de 7 de abril de 1855, elevou-a à categoria de Vila e Município, ocorrendo sua instalação a 6 de dezembro do mesmo ano. A Lei provincial n.° 82, de 24 de março de 1862 conferiu-lhe foros de Cidade. A Lei n.° 281, de 15 de abril de 1871, alterou seu nome para Pitangui. Os legisladores reconsideraram o seu ato através da Lei n.° 309, de 5 de abril de 1872, pela qual voltou a denominar-se Ponta Grossa.

Originariamente com um só distrito, no Censo de 1920 aparece com 2: Ponta Grossa (sede) e Itaiacoca (mais tarde Cerrado). Em 1938 (Decreto-lei estadual n.° 6.667, de 31 de março) aparece com mais um - o de Conchas (mais tarde Uvaia). Em virtude do Decreto-lei n.° 199, de 30 de dezembro de 1943, o seu território é acrescido de terras do Município de Castro e pelo de n.° 3.315, de 11 de setembro de 1957, ganhou do Município de Palmeira o distrito de Guaragi. A Lei n.° 4.556, de 13 de março de 1962, criou o distrito de Periquitos, passando o Município a ser composto de 5 distritos: Ponta Grossa (sede), Guaragi, Itaiacoca, Periquitos e Uvaia. A Comarca foi criada pela Lei provincial número 469, de 18 de abril de 1876, sendo instalada em ato solene, a 16 de dezembro do mesmo ano. A história registra, entretanto, que por Ato de 16 de abril de 1877 voltou a Termo de Castro, reconquistando, pouco depois, a categoria de Comarca pela Lei n.° 572, de 8 de abril de 1889. Desde 13 de março de 1962 é de 4.ª entrância.

- O crescimento e desenvolvimento

Ponta Grossa foi elevada à Freguesia em 15 de setembro de 1823 e foi escolhido um local no alto de uma colina, perto do Caminho das Tropas para a construção de uma nova capela em homenagem à Senhora de Sant’Ana. Este local foi escolhido para ser a sede da Freguesia e em seu entorno passaram a ser construídas casas de moradia e de comércio. Esta colina é onde hoje se encontra a Catedral de Sant’Ana(*).





* No estudo sobre o processo de demolição do antigo prédio da Igreja Matrizde Sant’Ana na cidade de Ponta Grossa, no Paraná, deparou-se com questões relativas à memória, à preservação do patrimônio edificado, à busca pelo progresso e o conseqüente confronto entre o antigo e o moderno. Foi possível constatar que o bispado utilizou-se da instituição de um discurso legitimador ao apresentar o projeto de uma nova e moderna Matriz como um novo marco para a história de Ponta Grossa. Alegaram-se problemas de insegurança na estrutura física do antigo prédio como um motivo premente de demolição, enfatizando-se inclusive “riscos de desabamento”. Conquistou-se, pouco a pouco, o imaginário social ponta-grossense, pois era o momento em que se buscava o novo e o moderno como elemento essencial para um almejado progresso. A demolição do antigo prédio veio a evidenciar esse momento.
Por Maria Julieta Weber
Demolição da Catedral, um dos principais símbolos da
História de Ponta Grossa. simbolizando a perda de um dos
maiores patrimônios do Município.

Em 1855, Ponta Grossa foi elevada à Vila e em 1862 à cidade. Cada vez mais pessoas aqui chegavam, sendo que a cidade cresce e se desenvolve, tornando-se a mais importante do interior do Paraná.

Foi com a chegada dos trilhos da Estrada de Ferro, que Ponta Grossa se tornou um grande centro comercial, cultural e social.



Primeira Estação Ferroviária.
A ferrovia transformou a cidade em um grande entroncamento, destacando-se na Região dos Campos Gerais e no Paraná. Isso fez com que inúmeras pessoas escolhessem o local para trabalhar, estudar e viver. Foi nesse momento que chegaram os imigrantes, que contribuíram para o crescimento da cidade.

Este edifício de estilo eclético, foi inaugurado em 1894, para ser sede da primeira Estação Ferroviária de Ponta Grossa. Servia de embarque e desembarque de passageiros, bem como para o transporte de cargas.

Segunda Estação Ferroviária de Ponta Grossa.
Em 1906, depois da construção do terceiro prédio, a estação passou a abrigar a parte administrativa de rede até a década de 70, quando começaram a ser retirados os trilhos da área central da cidade.

A importância desse edifício que foi tombado como Patrimônio Cultural do Paraná em 1990 está ligado à sua beleza arquitetônica e também por inaugurar na região o transporte ferroviário. Com a retirada dos trilhos do centro da cidade, a estação foi desativada e em 1995 foi inaugurada no local a Casa da Memória de Ponta Grossa.

Ponte Ferroviária de Ponta Grossa.

 Imagens: Guilherme Ribeiro

Imagem: Osmar J. R.      


Este espaço é destinado a exposições e preservação do acervo histórico-documental de Ponta Grossa e região, abriga a maior parte do acervo antigo do município, como jornais do início do século XX, documentos, biografias, pesquisas sobre casas e prédios de valor histórico e fotos.

 

O crescimento ponta-grossense foi acelerado, no século XIX, pela rede da Estrada de Ferro do Paraná, e pela construção da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande que instalou seus escritórios e oficinas na cidade. A instalação dos trilhos a transformou em um ponto de entroncamento ferroviário, ocasionando a ampliação das atividades comerciais locais.

 
 
Casa Comercial "Carvalho & Oliveira", antiga casa Juca Pedro.


A cidade Ponta Grossa se destacou no século XX, com muitas lojas de comércio, indústrias, escolas, cinemas, teatros, jornais, biblioteca, entre outros. Pode-se dizer que aquela pequena vila, surgida como pouso dos tropeiros, cresceu e se transformou em uma grande cidade.





Casa Comercial "Carvalho & Oliveira", vista interna.





Antiga sede da Casa Hoffman.
O desenvolvimento aconteceu com a dispersão da população rural e o aparecimento das concentrações populacionais na cidade, o que gerou grandes transformações em sua estrutura social. A presença de imigrantes nacionais e estrangeiros como os ucranianos, os alemães, os poloneses, os italianos, os russos, os sírios e libaneses entre tantos outros, contribuíram para o crescimento da cidade, bem como no desenvolvimento social, político, econômico e cultural, e aliada às atividades econômicas da região, como a comercialização da erva-mate, da madeira e do gado, aceleraram esse processo.
 

 

Sobre o Blog


Nossa intensão aqui é tão somente divulgar a cidade de Ponta Grossa que tanto orgulho temos de ter nascido e residir. Desde já, consideramos importante salientar que não temos quaisquer pretensões financeiras com a confecção deste trabalho.

Decidimos por fazê-lo na tentativa de reunir em um só lugar a grande quantidade de ótimos materiais que encontramos espalhados pela internet, mas desencontrados, o que convenhamos, tal dificuldade pode desestímular aos que buscam conhecimento antes de nos honrar com a sua visita.

Para tanto, recolhemos todo tipo de material existente e solicitamos desde já aos seus autores que caso assim desejem, nos informem para que lhe dediquemos os devidos créditos, como também aceitaremos que nos enviem outros que possuam e que venham a contribuir, aumentando e enriquecendo o conteúdo do Blog.

No mais, esperamos que gostem, apreciem e divulguem o Blog na certeza de que tudo faremos para honrar a nossa querida Princesa dos Campos Gerais.